CIA RÚSTICA 20 ANOS: o começo 

Programação de abertura (março e abril) 

Então chegamos a duas décadas de trajetória desta nau errante que se aventurou em diferentes rotas, abrigou diversos tripulantes e arriscou possibilidades. Nestes 20 anos, a Cia Rústica foi porto e plataforma, lugar de junção e encontro de artistas e público, experiência de modos de criação artística em diálogo com o social. Buscamos articular a dimensão cidadã do fazer da cena e a percepção de que o teatro é uma festa, que celebra o transbordamento da vida sem esquecer da morte. Pensamos que esta cena festiva, que que desvia e provoca, pode se infiltrar nas frestas do poder e da sisudez para quem sabe abrir janelas e imaginações em direção a outros possíveis. 

Realizamos muitos projetos, fomos contemplados em editais públicos, recebemos prêmios, apresentamos em teatros lotados e viajamos pelo país, quando deu sorte. Pois, é preciso lembrar, somos uma pequena companhia do sul do sul do Brasil: não temos apoios continuados, garantias de financiamento ou reconhecimento nacional (às vezes tampouco reconhecimento regional/local, o sistema é duro para todos, imagina pra quem tá fora do centro). Artistas da cena insistem neste fazer por paixão, ideologia, desejo – algo fora da ordem do lucro, da fama ou da racionalidade neoliberal. Há outros valores em jogo não é? Insistimos. 

Em 2023 a Cia Rústica passou a ser residente na Zona Cultural, um espaço independente bancado por artistas. Uma nova aventura, cheia de riscos e desafios, e também de sonhos e desejos. Um projeto político desejante de novos territórios para a criação cênica.

Por tudo, e apesar de tanto, este é um tempo de celebrar. Será um ano festivo, de brindar a existência e a insistência, nossa memória e nossas visões de futuro.  Abrimos as comemorações com programação especial em março e abril: Cia Rústica 20 anos, o começo. (e vamos oferecer aquela dose de cachaça que oferecemos durante anos na entrada dos espetáculos!) 

Dia 2 de março – Karaokengas – 20h na Zona Cultural:

Uma experiência de show e Karaokê conduzida pelo ator e cantor Heinz Limaverde, com a banda cabareteira composta por Brenno Dinapoli (baixo), Rodrigo Apolinario (teclado e acordeon) e Priscilla Colombi (bateria). Uma mistura de espetáculo, show de auditório, karaokê, bar e festa, para se divertir, cantar, brincar e celebrar. Depois do show, segue karaokê e som com DJ Estrela Dinn.

Ingressos disponíveis aqui.

Dia 10 de março 18h: Aniverzona (para convidados) 

Dia 11 de março: 

Começa a Oficina de Criação e Montagem Vexame – a vida é um show. Ministrada por Sandra Possani e Estrela Dinn. 

Dias 15, 16 e 17 de março: O Fantástico Circo-Teatro de um Homem Só

O mágico, a mulher-barbada, o palhaço, a vedete, o cantor: diversos personagens do imaginário circense ganham vida na pele de Heinz Limaverde. As referências para a montagem foram garimpadas nas tradições das velhas lonas de interior, combinadas a importantes questões da arte contemporânea como a cena em primeira pessoa, a memória como matéria de criação, a afirmação de poéticas do sul do mundo, a experiência de proximidade com o espectador. A montagem lança um olhar para os pequenos circos brasileiros como importante fonte de teatralidade e resistência cultural, muito além dos meios de comunicação de massa. Espaços de encontro onde o real e o sonho dançam no picadeiro, o medo e o fantástico se alteram em movimento de ruptura efêmera do cotidiano. O espetáculo também traz referências a figuras reais, como o próprio ator, o palhaço Carequinha, a atriz gaúcha de teatro de revista Eloína Ferraz e a mulher barbada mexicana Júlia Pastrana, que viveu no México no século XIX. O ator transforma-se continuamente diante do público, joga com diferentes possibilidades de atuação, canta, dança, narra, confessa, brinca, opera o som. Teatralidade, memória, humor e a poesia compõem este picadeiro.

Ingressos disponíveis aqui.

Dias 22, 23 e 24 de março: Estrelas – a pessoa nasce para brilhar 

A montagem entrelaça histórias de estrelas do cosmos e estrelas dos palcos, apresentando pedaços de vida da atriz, histórias de travestis brasileiras, histórias da relação humana com os astros e o aqui-agora da cena, em uma ambientação que evoca uma pequena boate… ou cabaré do sul do mundo, onde Estrela Dinn brilha. Ela é acompanhada por Vitorio Ventura, um homem de teatro e outros mistérios, ator, produtor, astrólogo e tarólogo, que narra histórias dos céus e das gentes. Em seu entrelaçamento de narrativas, o espetáculo provoca questionamentos sobre o que entendemos como conhecimento, gênero e nossas relações com o mundo, e afirma a diversidade, a arte, o jogo e o afeto como forças transformadoras. Uma experiência cênica festiva e reflexiva, que convida a viajar pelo cosmos, ler estrelas e visitar mundos de artistas travestis, que nasceram para brilhar, como toda gente.

Dia 26 de março,18h: 

Bate papo sobre a Cia Rústica e exibição do documentário sobre o processo criativo de Cabaré da Mulher Braba e Cabaré do Amor Rasgado, parte do projeto Cabarés do Sul do Mundo, financiamento FAC RS. Acompanhe aqui:

De 5 a 14 de abril, sextas a domingos, 20h: Cabaré Desejo 

Cabaré Desejo propõe uma celebração do desejo como força de vida e transformação, algo que nos coloca em movimento: desejo de ser, estar, dançar, encontrar e experimentar o mundo. Uma festa cênica com catorze pessoas no elenco, que abre janelas para expressão de múltiplos desejos e imaginações. Neste mundo cabareteiro onde tudo é possível, transitam personagens inventadas, histórias imaginadas, jogos cênicos, música ao vivo, humor, dança e poesia. Tudo se mistura nesta montagem que explora e se integra ao espaço singular da Zona Cultural. Dirigido por Patrícia Fagundes e Heinz Limaverde, o espetáculo foi produzido através de novo e importante projeto da Cia Rústica na Zona Cultural: as oficinas de Criação e Montagem, ministradas por diferentes artistas a cada edição, em uma abertura da Cia e do espaço para outras pessoas.

Dias 19, 20 e 21 de abril: Estrelas – a pessoa nasce para brilhar

Dias 26, 27 e 28 de abril: Cabaré do Amor Rasgado 

Cabaré do Amor Rasgado celebra o amor como força de vida, uma ação que pode construir outros modos de convívio e partilha coletiva. Em tempos de ódio (uma força destruidora distinta da raiva), destacamos o amor como fundamento social e humano, como escuta e desejo de convívio. A dramaturgia imagina o cabaré como um espaço clandestino que resiste a um mundo hostil onde o amor foi proibido, por não atender ao desejo de lucro incessante do mercado. Neste lugar imaginado, as figuras de nossos cabarés inscrevem suas poesias corpóreas, marcam suas existências rebeldes, evocam mundos mais festivos, vibrantes e amorosos. A montagem mistura música ao vivo, poesia, manifesto, dança, estilhaços biográficos, pedaços de nós, das histórias que queremos contar, das realidades que queremos inventar. Com três músicos e nove atores e atrizes em cena, Cabaré do Amor Rasgado aposta nas possibilidades coletivas da cena e do que podemos ser.

andre varela

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